Olá galerinha do bem, como estão?
Hoje vou falar sobre um assunto
completamente alheio a tudo o que tenho postado até agora, mas como disse na
postagem anterior, vira e mexe vocês encontraram postagens assim porque não
quero ficar presa a um único tema.
Bom, tenho quase que 99% de certeza de
que todos já passaram por momentos de “crise existencial”, e são tantas
perguntas, tantas confusões, indagações que resolvem aparecer ao mesmo tempo
que ficamos até meio “pirados”, não é mesmo?
E atualmente a sociedade não colabora nem
um pouco com nossa situação. Todos estão com pressa o tempo todo, exigindo que
estejamos em seu ritmo acelerado de decisão e sucesso. Como vemos nos “memes”
do facebook, toda nossa vida já é planejada pela cultura de sucesso implantado
na sociedade, então temos que fazer faculdade com 18 anos, se formar no máximo
com 23 anos, já que alguns cursos têm 6 anos de duração. Aos 25 anos nossa vida
profissional já tem que estar encaminhada para que aos 28 – 30 anos já
recebermos promoção à coordenador, ganhando “rios” de dinheiro, viajando para
todos lugares do mundo como um profissional de sucesso.
Mas tudo isso é tão desgastante, chega a
ser irritante. Não é “à toa” que o índice de doenças psicológicas tem
aumentado. De acordo a Organização Mundial de Saúde, mais de 300 milhões de
pessoas no mundo sofrem com a depressão, e menos da metade recebe o tratamento
adequado, por inúmeros motivos, mas entre os motivos mais tristes é saber que
as pessoas ainda têm “preconceito”, e continuam repetindo a frase mais
ultrapassada que existe “isso é coisa de gente louca”.
Galerinhaaaaaa, vamos acordar. Nosso
cérebro precisa de cuidados da mesma forma como nosso coração ou qualquer outra
parte do nosso organismo.
Augusto Cury, um psiquiatra,
psicoterapeuta, pesquisador e escritor, identificou a Síndrome do Pensamento
Acelerado, e diz ser o mal do século. Essa síndrome é basicamente no que
seu nome já diz, o pensamento acelerado, ou seja, são pensamentos diversos
nascendo no teatro da nossa mente de forma descompassada e desordenada,
afetando a capacidade de concentração, aumentando a ansiedade e sobrecarregando
o “sistema operacional” do nosso organismo, nosso cérebro.
Aí eu fico me perguntando, qual é a
necessidade de criarmos tanta expectativa na cabeça de crianças e adolescentes,
sobre o que devem ser, o tempo que devem alcançar isso ou aquilo, quando devem
se casar, ter filhos, e tantas outras coisas? Por que não podemos deixar apenas
que vivam uma fase de cada vez respeitando seu tempo de amadurecimento?
Nós (sociedade) queremos adultos bem
resolvidos, cidadãos de bem, com sucesso, mas criamos crianças ansiosas, que
não sabem o que realmente tem valor para si e até mesmo pessoas que olham para
futuro de sucesso, mas que não sabem olhar para si mesmo.
Ano passado participei de um grupo de
estudo na faculdade, e durante um semestre inteiro fizemos leitura de um livro
de um filósofo russo chamado Bakhtin, e nesse livro ele discorre sobre
diversos temas, inclusive ética, constituição do “EU” e sobre nossa responsabilidade
sobre a constituição tanto do “eu” quanto do “outro”.
Sempre tive em mente que preciso saber
quem sou, e tive um período difícil porque não conseguia aceitar que as coisas
mudam, as pessoas mudam, e eu também estava mudando. Aos poucos comecei a
discordar de tanta coisa, tudo virou uma bagunça na minha cabeça, e foi
participando desse grupo de estudo que aprendi algo que mudou minha vida,
porque me permitiu aceitar e entender as mudanças como inevitáveis.
Para Bakhtin, a construção do “eu” nunca
termina, pois, nossa vida não é estática. Somos constituídos o tempo todo pela
sociedade a qual estamos inseridos, nossas experiências, nosso círculo de
amigos, trabalho e tantas outras coisas, que acreditar que somos imutáveis e
estaticamente definidos em gostos, sonhos, opiniões, etc, seria uma afronta a
nossa linda capacidade de amadurecimento e aprendizado.
E é ai que entra a questão que não saia
da minha mente, que é: “se sou o tempo todo constituído pelos outros, quando
saberei quem sou?”. Muito claramente fiz essa pergunta a professora orientadora
do grupo de estudo, e juro que acreditei – ooh menina boba/inocente – que ela
não teria resposta, mas sendo uma profissional magnífica que é, ela respondeu
detalhadamente o que só consigo dizer de maneira resumida. Disse que temos
momentos que Merleau Ponty chamou de Monologização, definido como sendo o
momento em que interiorizamos o que nos foi constituído até o momento, como uma
criança quando briga dizendo de determinado objeto é seu, ou quando diz não a
algo. A criança não diz não até que aprende não gostar de algo, ou que gosta
muito a ponto de não querer compartilhar/dividir, esse é o momento de
monologização, mas nada impede que posteriormente ela aprenda como é agradável
compartilhar ou como aquele alimento tão odiado pode ser doce.
É incrível como a compreensão de algo tão
simples pode ser “doce” ao nosso bem estar psicológico.
Por isso digo que não precisam ter
pressa, parem de pensar tanto no futuro a ponto de não viver o presente. Pode
parecer clichê, mas é a mais pura verdade. Está na hora de tirarmos o “freio de
burro” que nos força olhar apenas para a frente em uma rota pré-definida, e
começarmos a olhar para as opções que nos rodeiam, pisar no freio para poder
apreciar a paisagem da nossa história.
Como Augusto Cury sempre diz, "nós devemos
ser protagonistas da nossa história e não meros espectadores".
É isso ai, por hoje é só.
É isso ai, por hoje é só.
Um grande abraço e até logo
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